sábado, julho 08, 2006

Canção de Amor da Jovem Louca




Cerro os olhos e cai morto o mundo inteiro
Ergo as pálpebras e tudo volta a renascer
(Acho que te criei no interior da minha mente)
Saem valsando as estrelas, vermelhas e azuis,
Entra a galope a arbitrária escuridão:
Cerro os olhos e cai morto o mundo inteiro.
Enfeitiçaste-me, em sonhos, para a cama,
Cantaste-me para a loucura; beijaste-me para a insanidade.
(Acho que te criei no interior de minha mente)

Tomba Deus das alturas; abranda-se o fogo do inferno:
Retiram-se os serafins e os homens de Satã:
Cerro os olhos e cai morto o mundo inteiro.
Imaginei que voltarias como prometeste
Envelheço, porém, e esqueço-me do teu nome.
(Acho que te criei no interior de minha mente)

Deveria, em teu lugar, ter amado um falcão
Pelo menos, com a primavera, retornam com estrondo
Cerro os olhos e cai morto o mundo inteiro:
(Acho que te criei no interior de minha mente.)
Poema de Sylvia Plath

sexta-feira, julho 07, 2006

Construção





Imagens, cores, palavras, não-palavras, sons
É divertido ver como as coisas fazem-se pra existir.
Um dia vou fazer um filme completamente inexistente existindo, isto é, o oposto dos dois primeiros parágrafos.
Caminho na rua, olho para as 4 direções. Há cores vermelha, preta, suja, cinza, verde, várias nuances e variações, tudo colore e dá sentido a todo o contexto (ou não). Cartazes, propagandas nos estabelecimentos: vende-se isso, aluga-se aquilo, promoção pastel e suco 1 real, faz-se isso, for sale 50% liquidação, empréstimo fácil e rápido, etc. Qualquer anúncio é uma venda de imagem. Pessoas, muitas delas, vários tipos, infinitas possibilidades de cruzamento, andam apressadas de uma esquina para outra, atravessam faixas ou passam pelos carros, lêem e obtêm informações inúteis a cada quadra monta-se um livro de inutilidades em suas mentes diariamente. Inutilidades do lar: R$1,99. Andam umas às outras como vento relativo, a todo o minuto passam por mim centenas e centenas, milhares de problemas, conflitos, infinidades, crimes, felicidades, pensamentos e alguns até impensados... Loucura do quotidiano. Olham-se umas às outras mas não se vêem, olham-se e até se observam, fazem caretas, sorriem, gesticulam... (pessoas) Podem ser brancas, amarelas, pretas, verdes, meio-termo... Cores estão em toda a parte, imagem é o que vemos, imagem é o que somos. Palavras e não-palavras dão vida à imagem e essa deixa de ser inanimada... Comunicação. Linguagem.
Tudo se encaixa como um cansável, exaustivo quebra-cabeças.
Rua Augusta, Avenida Paulista, metrôs... ou então NYC, China... corrida contra o tempo. O tempo vale dinheiro.
Barulhos de veículos, trânsito, discussões, escapamentos, construção civil, sons de pessoas, vozes, passos, estômagos com fome, auto-falantes... É uma cidade. Parece fantasmagórico !
E repetição.
Lá estão os incansáveis sons, imagens, cores, palavras e não-palavras. Um dá existência ao outro.

sexta-feira, junho 30, 2006

Relatos de uma mente sub-consciente em estado onírico.


Éramos felizes juntos. Não havia nada que pudesse nos separar.
Nossos gestos carinhosos, cheios de paixão faziam-nos sentir os únicos maiores amantes do planeta. Meu prazer era ficar com ele, ao lado dele, dentro dele... Ouvir seus suspiros, aspiros, respiros... Quanto desejo !
Não havia nada que pudesse nos separar.
Exceto...
Uma grande dor.
Uma imensa dor ultrajante, uma dúvida estúpida, mas, que o consumia. E eu não entendia porquê. Parecia tudo tão certo, tão exato... Qual era o problema então ?
Sua angústia era tanta que o matou.
Numa tarde ensolarada, cheguei feliz em casa, ansiosa para lhe contar o que me acontecera durante o dia e, quando abri a porta do quarto e olhei pra nossa cama ensangüentada estava lá ele agonizando, seus pulsos cortados, seu lindo rosto lívido, seu olhar de tormento e seus lábios trêmulos tentando me dizer algo parecido com "não suportei"...
Eu em absurdo desespero e aos prantos gritei ao céus, ao inferno, ao universo, para que não te levassem de mim, te tentava fazer reviver...
Fui incumbida à uma missão de descobrir aonde estava o que me restava dele: nosso filho.
Alguém que eu não sabia da existência.
De repente a cidade foi ruindo, seus blocos desmoronando, sua paisagem se transformando em uma natureza morta... A cada passo meu, uma destruição completa... A cidade acabou.
A cidade acabou, no entanto, reencontrei quem havia perdido:
Era ele e o nosso filho.
Não havia nada que pudesse nos separar.

Ai Ai vida... nascer...


Tudo se encaixa e se fecha para formar uma só construção. Tudo o que está acontecendo é parte do que está por vir. Tudo é necessário apesar de ser desnecessário.
Me enjôo da vida monótona e também desse mundo "moderno". Não consigo seguir uma linha reta pq acho monótono. Talvez seja por isso que ainda não tenho um rumo certo. RRRR
Dificilmente eu tenho tédio pq amo a minha companhia, mas, o que eu queria era não ter nascido. Não estou depressiva também, mas, é uma visão meio pessimista do mundo, das pessoas... eu tenho às vezes. Quanto a minha vida, é tudo obscuro.
rR rR rR rR rR rR
Viver é complicado. Tem horas que eu acho um tremendo egoísmo pôr um filho no mundo. É a materialização da vaidade. De repente você nasceu pra "amarrar" um alguém. De repente você nasceu simplesmente pq o aborto não deu certo; porque não existiu a coragem de te abortar. De repente você nasceu pra ser uma boneca de luxo e de enfeite, um mimo. De repente você nasceu pra tentar trazer o encanto de volta ao casal. De repente você nasceu pra ter pais não-biológicos. De repente você nasceu pra ser vendido e dar lucro; porque a família cobrou dos pais um neto ou um herdeiro. De repente você nasceu porque era pra ser assim né... Pode ser que o motivo do teu nascimento é o de vc descobrir a cura da AIDS, mas gente sempre nasce com o intuito de satisfazer a vaidade de alguém e conseqüentemente satisfazer a sua própria vaidade.Se desse pra perguntar antes ao filho se ele quer nascer e respeitar a decisão dele, seria bom! Mesmo assim quero ter um filho... hehe. Que ironia. E deve ser a coisa o momento mais iluminado de uma mulher.
Tomara que um dia a gente possa ser feliz...

E já que você, eu, nós, nascemos:

"Brilhar pra sempre
brilhar como um farol
brilhar com brilho eterno
gente é pra brilhar
que tudo maisvá pro inferno
este é o meu slogan e o do Sol"

_Poema de Maiakovski_

quinta-feira, junho 08, 2006

Danuta = Da Lua


Numa certa noite de Lua Cheia, eu criança com aproximadamente 8 anos, estava viajando de carro com o meu avô.
Era uma noite linda linda... E eu não parava de olhar para o céu estrelado e com aquela imensa e iluminada Lua.
Já estava ficando muito constrangida... intimidada.
Volta e meia eu a olhava e pensava em um tom impaciente:
- Você ainda está me seguindo, sua Lua ??

segunda-feira, junho 05, 2006

piscina de lama ou piscina de cloro, qual dos dois é pior ?



Bem, até que enfim vim atualizar esse diário pessoal virtual. Não é bem diário pois não gosto de escrever coisas pessoais do meu dia-a-dia. No fundo são, pois, tudo está intimamente ligado a mim.

Nada vem de mão beijada.
E medo é algo natural que vem pra dar um sabor agridoce aos desafios, embora ele podendo se tornar um parasita oportunista.
De certa maneira eu entendo a condição de uma "favelado". É complicado.
Favelado que estou dizendo pode ser aquela pessoa que até pode possuir muito aparentemente, porém, vive numa condição inferior à sua capacidade de produzir.
Os que não vencem na vida têm preguiça e querem tudo fácil. E tudo o que vem acontecendo nesse país colabora tanto... Nada de culpar ninguém, apesar de tudo, cada um sabe de si.
Os que vencem merecem uma condecoração por terem tanta força de levantar da piscina de lama que é, as suas vidas.
Há certos grupos de pessoas que a vida age de tal e tal forma. Mesmo alguém não acreditando em destino, aquele alguém vai inevitavelmente se enquadrar num tipo já padronizado de forma de vida . É só reparar. Posso também estar falando uma absurda bobagem.

A vida tem necessidade de viver, afinal, é pra isso que ela serve, ser vivida. E ela exige isso da pessoa. Viver.
Cabe ou não à pessoa lutar pra viver uma vida relativamente boa, independente das suas condições físicas, psicológicas, financeiras, ... Essas condições que vão de-limitar cada conquista e aí é aonde mora o perigo ... Nessa parte é onde todas as maneiras bizarras de viver aparecem e se encaixam, para trazer prazer momentâneo e "dinheiro fácil". São nesses obstáculos que o interesse em viver, relativamente bem, é perdido. Viver relativamente bem é, na realidade, simplesmente o fato de existir. Se alguém existe pra não fazer o bem a si mesmo principalmente e aos outros, ela está morta. Morta-viva.
Isso é um fato !

Como diz um trecho de um poema em resposta ao do Maiakóviski:
"Nessa vida, viver não é difícil. Difícil é a vida e seu ofício."

Ver e olhar as debilidades mais profusas dos seres que convivem comigo, devem me provocar abominação, furor e descontentamento. Se isso não me acontecer estou entregue à lama.

E como tudo na vida também tem seu lado bom, a lama pode ser medicinal.

sábado, maio 27, 2006

de tanto OLHAR o SOL


O sol ficou impresso em mim.
A mancha-reflexo da luz
se interpõe entre tudo que agora vejo
e tudo vejo agora
através do Sol.
Tudo é dourado
e tudo me lembra
aquele Sol.
Tudo me lembra
aquela manhã
quando o Sol entrou em mim
e ali ficou— para sempre.

_Roberta Wollen_

terça-feira, maio 23, 2006

Cada dia é um dia. (o óbvio nem sempre é fácil de entender)



Engraçado, às vezes, tem coisa que eu só entendo (ou acho que entendo) o que significa se eu escrevê-la.
As situações não acontecem pela simples força do acaso. As perguntas são bem-vindas.
Hoje, por exemplo, sonhei a noite toda (não posso mensurar o tempo de um sonho, enfim) que eu nadava e nadava, dava cambalhota dentro da água, cansava... Estava numa piscina, ia pra outra e assim por diante. Os coadjuvantes neste sonho se abismaram pelo fato de eu nadar tanto. Há uns dias atrás, andei um tanto ansiosa e isso não faz nada bem pro coração, fazendo-o ficar desritmado. Afinal, o que tudo isso tem a ver ?
Eu simplesmente acordei bem por conta dessa minha "nadação". Minha respiração ficou melhor, senti meu coração mais calmo o dia todo... Tudo tem um porquê e tudo tem o seu tempo.
O que atrapalha para que a resposta não venha à tona é exatamente a ansiedade de querer desvendá-la. A resposta vem de uma forma que podemos pegá-la de tão real, sem dúvidas, como este meu sonho que veio pra me ajudar. Por que não viver cada dia um dia e não cada dia três dias atrás ou três dias à frente ?
Praticidade é o lema. Inutilia Truncat. Corte o inútil e viva feliz. A não ser que o seu prazer de viver esteja em desenterrar o lixo que de repente já virou adubo. Seu passado pode ter feito bem pra você, embora ele sendo ruim. Não se esqueça. É o passado.
Não deixe a vida reservada ao Fisco. Ou ao Fiasco. Todos os dois te consomem.
Não quero dar conselhos a ninguém, até porque cada um sabe de si ou ao menos pensa que sabe e também não sei se alguém visita essa, desculpe o termo reles, essa porra.
Isso tudo se relaciona a primeira pessoa.

Tudo o que esperamos demais, fica longe demais.

Somos destemidos (quem sabe um dia) e por isso seguimos em frente. Às vezes é preciso usar de nossas diversas representações. Digo isso pois somos representados por fragmentos de outros seres, de outras épocas. Somos apenas representados,pois, não nos apresentamos com o que em essência somos. Usar diversas facetas(no bom sentido) pra podermos sobreviver a este mundo tão obsceno de "gentes". É a arte da Espreita.

sexta-feira, maio 19, 2006

o câncer segue as regras do caos. o mundo está doente.



Céus !!!
Este Brasil está contaminado pelo crime !
Há um surto de masculinidade. Revólver e tantas outras armas têm um formato que lembra o órgão genital masculino.
Precisamos de um Brasil mais feminino. Não estou fazendo nenhuma menção ao feminismo. Também acho o feminismo uma maneira machista de viver.
Geralmente são atribuídos à mulher a bondade, amor, serenidade, paz. Tudo isso é o que se roga.
A tendência é piorar.
Atrocidades, violência de todos os tipos, crimes virtuais, política de merda, serão cada vez mais aperfeiçoados (teoria evolucionista de Darwin cabe aqui) e psicólogos e psiquiatras terão de ir cada vez mais à público explicar tais aberrações como foi com o caso de Suzane Von Richthofen e de outros crimes aberrantes.
O mundo está doente. Os espertos fazem sua fortuna com isso.
Nos EUA já existem prestadoras de serviços com o intuito de se fazer extravasar a loucura alheia. Paga-se muito para se ter o prazer de ser seqüestrado e torturado. Vi isso num documentário de tv fechada.
O que uma pessoa com distúrbios não faz para satisfazer seus mais secretos desejos ? A violência (física, psicológica) está se exteriorizando de uma maneira incontrolável. Qual o motivo ? Hoje em dia, qualquer motivo é motivo. O planeta parece que está sendo pressionado por um rolo compressor.... o medo, desamor, violência está poluindo o mundo.
Pessoas agem de uma forma como se estivessem sonâmbulas .... enfim. Existe muito a dizer, porém, silêncio da indignação fala mais alto.

Ao menos tenho que colaborar para manter minha própria (in ?) sanidade, isso já é um grande passo para colaborar com o mundo.

Um texto um tanto pessimista.

quinta-feira, maio 18, 2006

About me ??



Que legal, definitivamente, ao entrar na internet, terei algo (interessante, por sinal) a fazer. Tou querendo dizer que terei um dever : Escrever.
Tudo o que é novo causa medo.
Natural. Normalmente a criança chora quando nasce.
Desvendar ...
Tire a venda dos olhos e se assombre com a fenda que está à sua frente !

É... um penhasco sem fim.
O inconsciente tem seus monstros (nossos) que precisam ser encarados. O que é você ? Um espelho dos outros. Você, eu, nós precisamos nos ver em outra pessoa para nos reconhecermos. Todos fazem isso. Ninguém é isso.
O novo é se (re)conhecer. Fechar os olhos e entrar em si. E mete medo.
Pessoas passam as vidas no limiar do penhasco, plantando e colhendo o medo e em sua consciência/inconsciência não pulam pra dentro decididas a construir uma ponte que liga toda a sua estrutura física/psíquica. Porque tudo é um.
Se escondem atrás de uma máscara imposta pela sociedade, mídia, família.
O que a mídia diz o que você é ? O que disser é mentira.
O que a sociedade diz o que você é ? O que disser é um emaranhado de fios onde não se sabe onde começa nem onde termina.
O que a família diz o que você é ? Há dados genealógicos, dicas tendenciosas, porém, você, eu, nós, somos aquilo que ninguém sabe.
Somente nós.
Desvende - se !